Resumindo: o que achaste?

domingo, julho 18, 2010

Monólogo.

Hum...Sim. Todos os fins têm um princípio... Tudo começa de algo pequeno... Uma simpatia num piscar de olhos, num estalar de dedos, num jogo entre os hormonas e a psicologia cresce para algo estupidamente romântico, algo que...
Fala-se muito sobre isso. Definições, citações, memórias e mágoas. Na verdade nem percebo bem em que momento é que uma porra de um beijo passa a significar muito mais.
Qual beijo! Até um olhar passou a ser desastroso, venenoso, arrepiador, doce, perturbante...Sempre os mesmos adjectivos! Ah e belo! Belo?! Como eu odeio isto tudo... Histeria que nunca mais nos abandona... As noites, reflexões, excesso de asneiras, conversas com as paredes, arrependimentos - ultra-romantismo. E saber que já nada vai mudar porque as coisas são assim...e fiquem desde já a saber que estou bastante passivo enquanto à mudança...
Ah, sim... O princípio.
O princípio foi simples. Ao contrário da teia que foi o final. Um "olá", "tudo bem?", "sim"; umas fotos..."manda-mas", "claro...", "o meu e-mail...", "peço ao Ricardo"...sorriso, olhar... Talvez a solidão e a procura de companhia... e drama. Conversas pela noite fora, uns silêncios - nada para dizer, um encontro não chega... "Queres dar uma volta?", "Se não tiver planos"... E não teve. Que pena.

domingo, julho 11, 2010

controvérsia


Asfalto quente, concentração de cheiro, nuvens intensas, grosseiras, cinzas. Tudo em volta parado, e só eles, em volta do corpo como borboletas em volta do fogo. Fotografar ali, tentar perceber as razões, sugestões improváveis, curiosidade estranguladora. O corpo virado de barriga para baixo, cabelo preto, comprido, ondulado disperso pelo chão de maneira a não tapar a “obra de arte”. Uma asa de anjo tatuada, outra recortada. Por mão de quem? Porquê?
Mmm… Se conseguissem ouvi-lo. Mas é impossível. Ninguém lê a mente de ninguém, ninguém chega sequer a descobrir o que verdadeiramente somos, quais das facetas não nos é penosa. Mas olhem no canto, o rapaz com um sorriso e desprezo estampado. Tatuagens pelo corpo, algo estranho tatuado no pescoço pálido e tenso. Dedos longos, estreitos e sensíveis… Hum… Talvez um bocado manipuladores. Artísticos. Dão asas, criam reproduções andantes, preenchem os espaços em branco. Dias maus, linhas tortas por um bocado de falta de experiência; dias bons, linhas perfeitas – inspiração. Ele deu-lhe as asas, mas o que pode fazer um artista quando a sua obra de arte enjoa-o pela controvérsia, quando dá falsas expectativas, quando não significa nada – ilusão?
Repara, o sorriso do jovem adulto desaparece. Querido, estás numa esquina fedorenta a lamentares o feito: o antes, quando ela entrou dentro da loja “Hardcore” onde trabalhas e pediu que lhe fizesses duas asas de anjo atrás das costas? Ou o depois, quando ela se riu na tua cara, divertida, fria, consciente? Ou, e ainda, o depois, quando te virou as costas e tu arrancaste-lhe a asa? De qualquer maneira, deixa estar… Já é tarde demais para mudares alguma coisa. Mas olha, lembra-te que não há humanos que mereçam ter asas. É por isso que os anjos não existem.